segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

MAPA CONCEITUAL

O texto A Moça Tecelã de Marina Colasanti, foi escolhido para leitura compartilhada na nossa primeira aula do curso. A Moça Tecelã é um conto de fadas moderno que narra o dia-a-dia de uma moça que tece sua vida. Um conto poderoso, que chama a atenção do leitor que vibra quando a mulher destrança os fios do marido famigerado e busca sua identidade. Texto apropriado para a nossa primeira aula, pois o curso abordou temas que nos fez querer destrançar os fios da nossa velha prática pedagógica e velhos conceitos, muitos aprendidos na época da faculdade. Eu tecia uma prática pedagógica arcaica e tradicional, e a partir de hoje sei que minhas aulas nunca mais serão as mesmas. Tive uma ótima oportunidade, através do curso, de repensar sobre o que realmente tem importância no ensino da Língua Portuguesa.

Memorial

Memorial:
Não sou filha de pais leitores. O gosto pela leitura nasceu comigo. Minhas lembranças, dos meus primeiros contatos com a literatura, começam na adolescência. Tive grande influência de um professor, no segundo grau, que não me lembro o nome, mas sua fisionomia, sua voz, a maneira como ele lia alguns poemas para nós, seus olhos brilhando quando contava algumas histórias lidas, isso sim, está gravado em minha memória. Desde então minha paixão pelos livros e pela leitura não acabou mais.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Função da escola pós-moderna

Já comentei sobre o papel que a escola pós-moderna vem realizando. Gostaria de aprofundar um pouco mais dizendo inicialmente da sua função social: o de incluir. Para tanto, é necessário que a escola veja o aluno como um cidadão que carrega uma série de problemas familiares e que estes estarão com ele em sala de aula. É difícil para a escola uma vez que ela não tem toda a equipe de apoio para se fazer psicóloga, mãe, pai, etc. Mas a escola deve lutar para trabalhar sempre no sentido de resgatar este aluno e não deixar a evasão acontecer. Nas nossas discussões de hoje fizemos sugerimos várias ações que o professor poderá realizar como trabalhar músicas que os pais gostam - é este um caminho para incluir a família na própria escola; trabalhar os regionalismos presentes nas famílias/a linguagem de cada uma delas etc.

o professor poderá fazer um trabalho que auxilie a direção a evitar a evasão escolar, ele é um forte aliado!

Encontro com escritores

"A vida é a arte do encontro".



Hoje foi dia do nosso encontro com o escritor André Neves e do ilustrador Jonas Ribeiro. Os dois falaram de como se conheceram, dos trabalhos que fazem juntos e de quanto valorizam a literatura. Falaram da importância da ilustração para a criança. Para o ilustrador, seu forte é a imagem, para ele a palavra vem depois. Achei intereswsante sua confissão porque daí lembrei-me que alguns alunos não gostam de escrever mas amam desenhar. Precisamos enxergar também estes alunos na sala de aula.

também nos sugeriram desvincular o livro da análise, da prova, do texto... Falou da leitura por prazer, pelo simples ato de ler. Tivemos conhecimentos de alguns dos seus livros, dentre eles: Brinquedos , A viagem da saudade, Um bifinho, um salaminho, A cor da fome, etc

Foi uma manhã muito agradável e de muitas sugestões de trabalho com livros literários.

Valorizar o idioma com suas variedades

15/05 - Hoje voltamos a tratar o asssunto das variedades linguísticas, o problema da estigmatização através da língua. O texto Nóis Mudemo, de Fidêncio Bogo nos levou a muitas reflexões. Qual é o nosso papel numa sala de aula? Valorizamos ou desvalorizamos aquele nosso aluno porque simplesmente fala diferente, que não carrega as regras de concordância no seu vocabulário? Deixamos ou não este aluno ser discriminados pelos colegas? Foi um grande momento de nos questionarmos e repensar as nossas atitudes em sala. Cada um de nós fala como sabe e precisa ser respeitado por onde passa. O nosso dever como professores é o de sempre incluir o aluno no meio social e não deixar que seja excluído, pois muitas vezes ele mesmo se exclui por vergonha e timidez. Quero deixar aqui este texto que comentei pois poderá servir para muitos que visitarem o meu blog:

"NÓIS MUDEMO"
Fidêncio Bogo

O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto Nacional.
Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, toda poesia e misticismo.Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tão banal... Tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de fundo de um drama estúpido e trágico.As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
- Por que você faltou esses dias todos?
- É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda. Risadinhas da turma.
- Não se diz "nóis mudemo", menino! A gente deve dizer: nós mudamos, tá?
-Tá, fessora!'No recreio, as chacotas dos colegas: Oi, nóis mudemo! Até amanhã, nóis mudemo!

No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações.
- Pai, não vô mais pra escola!
- Oxente! Módi quê?Ouvida a história, o pai coçou a cabeça e disse:
- Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da mininada! Logo eles esquece.Não esqueceram.Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Aí me dei conta de que eu nem sabia o nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio
- Lúcio Rodrigues Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa de um tio, no sul do Pará.
- É, professora, meu fio não aguentou as gozação da mininada. Eu tentei fazê ele continua, mas não teve jeito. Ele tava chatiado demais. Bosta de vida! Eu devia di té ficado na fazenda côa famia. Na cidade nóis não tem veis. Nóis fala tudo errado.
Inexperiente, confusa, sem saber o que dizer, engoli em seco e me despedi.O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.
- O que é, moço?
- A senhora não se lembra de mim, fessora?Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
- Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde? Foi meu aluno? Como se chama?Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:
- Eu sou "Nóis mudemo”, lembra?Comecei a tremer.
- Sim, moço. Agora lembro, Como era mesmo seu nome?
- Lúcio
- Lúcio Rodrigues Barbosa.
- O que aconteceu com você?
- O que aconteceu ? Ah! fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu . Comi o pão que o diabo amasso. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia fria, um "gato" me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fome, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até na cadeia já fui para. Nóis ignorante às veis fais coisa sem querê fazé. A escola fais uma farta danada. Eu não devia de té saído daquele jeito, fessora, mas não aguentei as gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui fala direito. Ainda hoje não sei.
- Meu Deus!Aquela revelação me virou pelo avesso. Foi demais para mim. Descontrolada comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado.O ônibus buzinou com insistência.
- O rapaz afastou-me de si suavemente.
- Chora não, fessora! A senhora não tem curpa.
Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram cem flechas vingadoras apontadas para mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Super usada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna - a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmãos e colegas- e se torna o terror dos alunos. Em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.E os lúcios da vida, os milhares de lúcios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: "Não é assim que se diz, menino!" Como se o professor quisesse dizer: "Você está errado! Os seu s pais estão errados! Seus irmãos e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu ! Você não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra!" E siga desarmado para o matadouro.

domingo, 23 de novembro de 2008

Variações linguísticas

08/05 - A partir desta data obtivemos várias aulas sobre as variedades linguisticas. Precisamos valorizar o nosso idioma com suas variedades observando aspectos de escrita e oralidade. Não somos iguais, nem falamos iguais, mas falamos e precisamos ser ouvidos. Precisamos nos fazer entender, precisamos saber o momento adequado para cada tipo de linguagem. Na aula de hoje ouvimos o texto Ai se sesse", escrito em linguagem regional. Fizemos um estudo do que é o prpeconceito linguistico, da centralização do qiue é certo e errado na lingua. Vimos que é a avaliação social que atribui prestígio ou estigma às diferentes falas. O preconceito é um tema polêmico travado em torno da linguagem politicamente correta. fizemos o estudo de vários teóricos como Fiorin, Pasquele, Pedro Garcez e Ana Zilles. Tivemos a oportunidade de verificar quanta discriminação existe na escola, dentro da propria sala de aula, por parte dos alunos e outras até mesmo dos professores, que corrigem aleatoriamente um garoto ao fazer uso da linguagem coloquial no nosso meio.

24/04 - Familia pós-moderna

Na aula de hoje ouvimos o texto O Gramático, de Humberto de Campos e pudemos analisar a situação do velho professor de gramática numa sala de aula ainda hoje. Comentamos a respeito do papel da família em duas épocas distintas, a turma foi dividida em dois grupos: a favor e contra a atuação da familia na vida escolar dos filhos. Foi um assunto bastante polêmico e que gerou muita discussão de todos envolvidos.

Tivemos também um momento de leitura quando a professora Tamar aplicou a técnica dos três olhares para a leitura: primeiro olhar - o da formatação do texto - o texto atende ao formato exigido? segundo olhar - o aluno aprofundou em seu texto? as idéias estão conectadas?houve argumentação das idéias expostas, dentro do gênero solicitado?; terceiro olhar - o olhar da parte gramatical; repetiu palavras? a pontuação está adequada? flexiona os verbos? o uso dos pronomes está correto?

Conseguimos fazer uma análise bastante produtiva a partir dos textos de nossos alunos , levados para sala. Verificamos que muitas vezes nos fixávamos apenas na parte ortográfica,fixávamos, porque a partir de agora sabemos que com a técnica dos três olhares a correção é muito mais abrangente e é a que realmente mostra ao aluno onde ele pode melhorar.